Estação 114

por

(Em diálogo ao texto E VOCÊ, de L Pedrosa)

A passagem, reconhecida pelos pés, pelo tato.

Memória resoluta de tempos onde os sentidos tinham outras intenções,
levavam a outros lugares, se escondiam da pressa.

Da pressa presente.
Obstinada pressa.

Censurando momentos, aspirantes a felicidade, pacificidade, saída da rotina.
Mas acabam por se perder na expectativa de vivê-los.

Terias assim a certeza de tal destino?
A companhia da tristeza, esparramando-se discreta na escolha poética, provoca sorrisos de apreciação diária e intenção solene.

A pronúncia ausente, desenvolta recente no vocabulário, é marcante, de se gritar aos ventos palavra tão abstrata desenhando os contornos infinitos de sua história.

Dia perfeito, dias imperfeitos bem vividos, sentidos.

Um dia perfeito determinado pela busca de um novo olfato, resultando na viagem de se ter o cheiro do afeto da companhia em si, das observações lúdicas, da leitura intimista de um dia.

Só mais um, ordinário dia lindo.

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