Em tempos de chuva, os cães ladram a qualquer um que percorre os corredores do setor comercial sul de Brasília recém-banhados de criolina.
São esses íntegros seres que inocentemente protegem crianças e outros humanos abrigados nas marquises dos prédios.
Enquanto isso, não muito longe dali, uma massa de individuos exorta o fim de uma proclamada república que ainda tolera discursos de ódio e de retrocesso.
Nos shoppings, o movimento de pessoas fantasiadas de CBF se assemelha ao dia da semi-final do Brasil contra a Alemanha. São momentos que antecedem o 7 a 1.
Dizem jogar de igual para igual, mas não respeitam as regras democráticas. Querem ser levados a sério em seu virtual direito de agirem como fascistas. Hoje, recebem o rótulo de bolsonaristas, mas são de safra antiga, cultivada nas barricas da religião, do conservadorismo e militarismo.
Por isso, registro minha sincera ojeriza aos que assim se instalam frente aos quartéis brasileiros pedindo intervenção militar.
Também destaco minha empatia por aqueles que dormem em barracas improvisadas, resguardados por lonas, cobertores rasgados e cães de rua.
Enquanto o Brasil patriota se serve de ódio e comida farta do agro, a fome só deixa de existir para os verdadeiros acampados quando estão dormindo.
E, mesmo assim, os magros vira-latas ainda fazem questão de protegerem aqueles que mal tem para oferecer. Encontram ali recompensa no cuidado simbólico. Por outro lado, não se avistam cães sem farda no setor militar urbano.
Portanto, se um vira-lara vier a te morder, vacine-se contra raiva (claro) e respire fundo. Ao menos, você não foi mordido por vetores de uma doença muito nociva que tem como sintoma básico a idolatria por uma bandeira de elite.
De uma elite que não compartilha o excedente e que prefere jogar comida aos porcos esperando ter mais lucro com isso.