Tema clichê…texto novo, portanto, original.
Andando pelo Plano Piloto pela décima nona vez nesta semana. Ritual banal, as mesmas coisas e por mais que Brasília seja o reduto de uma arquitetura rebuscada, moderna e atrativa, já estava cansado de tanta arte.
Não havia mais sentimento nos contornos do Palácio da Alvorada. Mas bastava se concentrar, conseguir se preparar antecipadamente para as ações do dia a dia e ainda sobrava um tempo para ver, lá no retrovisor do carro, um ângulo diferente da Catedral.
O carro até apagou. Prestei tanta atenção no detalhe e na câmera que estava no banco do lado, que mal consegui arrancar ao abrir o sinal. A foto que queria, não consegui. Mas, finalmente, consegui reavivar em minha alma o espírito de Brasília, ou pelo menos, da beleza pela beleza.
Sabe o que isso me fez concluir? Que o tempo não para! (Salve, Cazuza).
Mas você pode muito bem parar alguns instantes. E o sinal é um dos lugares mais fáceis. Você é obrigado a parar e pronto.
(Um deja vu misterioso ocorreu-me agora. Sinto-me com as mesmas reflexões feitas há um bom tempo.)
. o momento que você deixa o carro de ponto-morto e sua mente também, tudo fica tão mais claro e fácil. E não há problemas. Até que o sinal abra.
Daí para frente, a Catedral vai ficando mais distante no retrovisor, e você mais compenetrado no transito pois senão, não haverá mais sinais, nem mais condições de parar e visualizar Brasília por meio de um espelho. Por isso, vivemos o comum diariamente, para darmos valor aos fragmentos do mais nobre tempo “perdido” pensando sobre ele (Sem muita culpa por cometer tal barbaridade).
Ei, presta atenção na pista, olha o carro, o carro!