Paradoxo do ato solitário

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Escrever é ato solitário.

Por que, então, o medo da solidão?

Quando escrevo, o faço na esperança de ser lido.

É moeda adiantada, do fazer algo em troca do afeto de quem lê.

Mas como receber esse gesto se, por medo, o texto mal sai do rascunho?

Oras, se escrevo só pra mim, não há satisfação e o ato se torna sem sentido.

Se nem isso faço, nem sozinho comigo eu fico.

O ato da escrita é um paradoxo.

Afinal, solidão da escrita perde sentido por estar associada ao afeto da recepção.

Escrita sozinha, é rascunho.

Escrita pública, nunca mais fica sozinha.

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