eu enlouqueço a cada dia que passa
e eu percebo
que as memórias não se foram
ou amenizaram pelo menos
eu ainda lembro
elas se projetam persistentes
vivas
vibrantes
como se ontem
como se em todos esses dias
eu tivesse vivido reprises
para se manter fresco o passado
para paralisar a cabeça cheia
a mala cheia de mágoas desarrumadas
atravanca a passagem
os pensamentos cheios de raiva
interrompem a fluidez
as memórias em cada canto do casa
a presença que se instala em cada cômodo
me expulsa do meu próprio lar