Uma crônica em forma de manifesto ou um manifesto em forma de crônica?
ABSURDO.
Na majestosa vila não há latas de lixo! Local reverenciado por manter, nos dias de hoje, características interioranas. Tem Igrejinha, praça, coreto, feira aos domingos, paralelepípedo, pessoas que se conhecem e fofocam, um bosque com córrego – ok, meio abandonado – e outras variantes que não me lembro agora. Mas, infelizmente, tal reduto não possui uma lata de lixo disponível para sobras imediatas. Você e seu coco vazio não podem se despedir em paz. Cadê? Cadê? Não, não tem onde por.
Sair do ônibus, entrar em outro mundo e não encontrar depósitos de sujeira deixa qualquer um puto. O quê? Na Vila não há espaços para a podridão do outro mundo? O quê? As pessoas não sujam? Ah, faça me o favor! Vejo a bagaceira dominicana de fim de feira e um monte de lixeiros a varrer. Para onde vai o lixo depois? Pra minha casa que não é. Por isso, é um absurdo ver um local com prefeitura comunitária e rádio-poste de forma tão deficiente em relação à sujeira. Que isso! Pessoas, não somos melhores que ninguém e nem se fossemos, não poderíamos estar sujando o chão por isso.
Acordem! Querem se juntar aos ratos? Então os criem em casa, mas não perto do cercado de areia onde as crianças deveriam brincar. Que saco! E as ruas? Ruas imundas. Ah, mas aquela do ex-candidato a deputado-federal tem uma arborização incrível e é tão arrumadinha! Tá… e as outras? Já vi construção de calçadas nos locais de terra. Começaram o serviço – época de campanha – e agora? Agora temos umas ruazinhas melhores e as outras esburacadas por senhoras que se acham no direito de lavar a rua com jatos de mangueira. Minha senhora, isso, além de ser um desperdício, só estraga o asfalto – já de péssima qualidade. Faça-me o favor! E outra, do que adianta jogar água, empurrar a sujeira para a casa do lado. Ah, eles são mais pobres, eles podem conviver com o lixo?
Hum! Deixe-me ver mais algumas barbaridades….O bosque. Na Asa Norte, os Olhos d’água faz sucesso e eu acho lindo. E aqui? Lembro-me de ter andado, quando criança, entre o bosque, passando pelo córrego e quase comentando com a minha professora, que me levava: “Gosto daqui!” O quê? É para não me iludir? Boca da Mata, sei. Tudo bem que esse nome nos remete a marginalidade das bocas, mas o seu sentido original não é esse. É boca da Mata porque tem mata, não porque se mata gente lá, ou se fuma, ou sei lá…Ainda não temos isso, vamos deixar acontecer? Danem-se os figurões comerciários que adoram fazer festas comemorativas de quarenta e poucos anos de Vila e que só sabem falar, falar e trazer políticos. Salve os Cristovans, expurguem o Roriz. Só que não os traga aqui de novo para fazer campanha. O Roriz virou governador. Ele esteve na minha rua, e minha rua não melhorou nada. Pelo contrário, piorou. O Cristovam, salve nosso senador, arrecadou votos por essas bandas, mas só por ter alguns parentes por aqui! Vila importante, pelo menos como fachada!
Acabo de perceber, somos tão sujos quanto qualquer um, mas temos o nome de Vila e é “bonitinho” dizer que moramos numa. Só que preferimos ser condomínio. Cada um por si e seus impostos. Coreto inútil que ninguém utiliza para reclamar ou fazer shows. Ah, mas já trouxeram a Gretchen pra cá. Por que não foi no coreto? Ah, porque somos grandes demais para um simples coreto! E a Gretchen não iria gostar muito, deve ter muita sujeira lá!!!
Vila Dimenses, uni-vos!