Eu vi Brasília em um gêiser

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Eu vi a terra vermelha jorrar poeira para o céu
Parecia um gêiser. Era para ser um redemoinho
Nunca vi um gêiser ao vivo. Já vi muitos redemoinhos.

A poeira, ela não rodopiava como o saci rodopeia em nosso imaginário.
Mas era jorrada para o alto como o esguicho de uma baleia azul.

Era plena seca, em plena Brasília,
Em meio ao ritmos e ruídos musicais do Planalto,
Em meio ao asfalto e em meio a velocidade de seus carros.

Era tenebroso ver o chão cuspindo poeira,
Como num manifesto de fúria contra sua própria essência.
Parecia um aviso, que nem a própria cidade iria aguentar sua sequidão.

Era um redemoinho, sim.
Não subia água efervescente como gêiser,
Também não girava como um furacão.

Eu vi foi um redemoinho metido a besta.
Eu vi um gêiser metido a redemoinho.

Eu vi a síntese de Brasília. Eu vi.

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