Da atenção no preparo à execução, o gosto era bom.
O acompanhamento caía bem como entrada. No prato principal, carinhos e beijos.
Veio a sobremesa flambada, curtida em abraços na madrugada.
A mesa estava posta para dois, sem couvert, sem cobranças.
A digestão que não foi boa. Havia algo diferente no tempero, no paladar.
Ficou o gosto agridoce de uma combinação ousada.
A indiferença momentânea, a comida que esfriava.
Sendo perecível, como embalar pra viagem?
Por intolerância a ingredientes, por se estar cheio ou, quem sabe, por medo.
Tornou-se desperdício.
A receita ainda existe. Mas é preciso coragem para cozinhá-la.